quinta-feira, novembro 07, 2013

Aguiar Branco, um reparo...

Ainda me lembro dos rasgados elogios tecidos por Sá Carneiro ao líder sueco e à social-democracia sueca, pela qualidade de vida, pelas liberdades, pelo civismo e sentido de Estado.

Dizia-se __ e com razão__ que os suecos pagavam muitos impostos mas que isso tinha reflexos no serviço de saúde, estatal, amplo e quase gratuito, nos transportes, com qualidade, com eficiencia e a preços reduzidos.

Sempre tive a noção de que totalitarismo era ausência de liberdades, repressão,  tortura e desigualdade de acesso à justiça, à saúde, à educação. Esta noção ainda é partilhada por muita gente de bem senso, gente bem formada.

Quanto ao peso do  Estado na economia, é apenas uma opção económica, ideológica, nada tem a ver com totalitarismos... O Chile de Pinochet ou o Brasil dos generais tinha a economia privatizada, o setor privado era hegemónico, mas eram regimes totalitários  por causa da ausencia de liberdades fundamentais.

A Suécia de quem se dizia ser um paradigma social-democrata tinha um serviço estatal hegemónico, capaz de dar satisfação a toda a comunidade, permitindo um serviço privado, supletivo, um nicho de mercado destinado a elites.

Agora, este reprodutor de alguma cassete  mal digerida, vem acusar a social-democracia sueca de ser totalitária!!! Acusar por analogia, como é óbvio...

O Estado deve garantir as necessidades básicas fundamentais, na medida do possível, satisfazendo carências públicas e permitindo, em certos domínios, que o setor privado possa coexistir . Isso é a liberdade mais genuína.  Contudo, privilegiar o setor privado, à custa dos contribuintes, isso nunca!

Agora pôr o ensino privado a competir (com excessivo e perigoso patrocínio estatal, sobretudo em tempo de vacas magras...) com o ensino público, desaproveitando as potencialidades públicas é um gasto excessivo para os contribuintes já de si sobrecarregados com abusos de toda a ordem por parte dos gestores do Estado...

E quem diz para o ensino diz para a saúde. Há muitas instituições privadas sugando de forma parasitária o próprio Estado, lesando o erário público e obrigando os contribuintes a pagar um preço altíssimo por este desvario. Parcerias feitas de molde a lesar o Estado, não correndo riscos de espécie alguma pois há sempre uma almofada protetora da parte do Estado, contratualizações leoninas sempre lesando uma das partes (o Estado) e não deixando margem para risco da parte dos privados, dando azo, isso sim, a lucros fabulosos e ilicitudes pouco transparentes, como se tem verificado amiude,  é algo de patológico e nada consentâneo com o clima de austeridade vigente para os cidadãos comuns, para os contribuintes tão sacrificados.

Por tudo isto, senhor Aguiar Branco, vá pregar as suas litanias para outra paróquia porque estes paroquianos já não dão para o seu peditório... Cassetes, cassetes, estamos fartos  delas e temos pago bem caro por isso...Precisamos, isso sim, de cassetetes para os políticos estultos que não sabem discernir ou digerir convenientemente as cartilhas que lhes impingem

Um comentário:

José Leite disse...

Pagar as aventuras dos privados, sem eles correrem riscos, estando o Estado com a sua mão protetora por baixo é que é proteciomnismo estatal...

Parcerias que existem à custa de pactos leoninos são prom+iscuas, lesivas de uma sã economia...