terça-feira, abril 27, 2010

Tiro-lhe o meu chapéu!


Óscar Mascarenhas, jornalista.
Suponho que é o mesmo que conheci na tropa. Andei na Força Aérea seis anos. Tirei dois cursos. O de controlador de tráfego aéreo e o de piloto (aviador, por ser oficial... senão era só piloto...).
Conheci-o numa reunião de oficiais milicianos em Monsanto logo após o «25 de Abril». Eu tinha sido vítima de uma transferência compulsiva (da BA 7 para a DSINST...) por, estando de Oficial de dia, ter cumprido o regulamento que obrigava todos os praças a fazerem formatura para o refeitório na hora do almoço. O Sargento de Dia disse-me que havia uma minoria (cerca de 10) que se recusavam a formar alegando ser «fascismo». Tive que dar ordem de prisão ao mais antigo, por sugestão do comandante da unidade (cor Pinho Freire). Mais tarde, talvez uma semana depois deste incidente, fui transferido, por, segundo esse comandante, embora sendo pessoa inteligente, cumpridora, disciplinada e disciplinadora, por vezes actuar com falta de «bom senso»...
Enfim «falta de bom senso» foi acatar a sua sugestão.
Cobardia sem nome, demagogia pura, tolice pegada.
Nessa reunião em Monsanto fui defendido pela intervenção lúcida, serena, sensata, do camarada alferes Óscar Mascarenhas, que viu bem o alcance desta deslocalização (como agora se usa dizer), criando um «bode expiatório» oportuno. Para salvar a pele do próprio comandante.
Gostei daquela postura desassombrada e corajosa. Era de facto um líder na verdadeira acepção do termo. No jornalismo viria a comprovar a sua conduta. Tenho seguido com respeito e atenção o seu trajecto.
Agora, ao lê-lo no JN, sob a rubrica «Manifestos & Exageros»(clicar aqui) não pude deixar de exclamar com os meus botões: «continua com eles no sítio!..»
De facto não era para menos. Na República Checa não os teve no sítio o Presidente da República. Deixou-se enxovalhar pelo anfitrião. Tal qual os não teve quando na Madeira o impagável AJJ disse que a AR da Madeira era um bando de loucos!
O país precisa de gente que os tenha no sítio. Só assim se pode avançar. Basta de tíbios e cobardes armados em intelectuais de trazer por casa, incapazes de darem um murro na mesa, de marcarem posição nas horas decisivas.
O rei D. Juan Carlos perguntou a Chávez por que não se calava quando este insultava o chefe do governo espanhol (Aznar). Valeu-lhe o aplauso generalizado.
O nosso «rei» não replicou ao insulto, não deu um murro na mesa e não abandonou a República checa como se impunha perante ataque mesquinho e sem um resquício de ética por parte do anfitrião.
«Um rei fraco faz fraca a forte gente!»... Cada vez é mais flagrante!
E andou esta criatura a vangloriar-se dos seus méritos de grande economista para captar votos aos ingénuos úteis que nem sabiam que ele nem competência tinha para invocar a economia como factor determinante na opção eleitoral. O múnus económico é de âmbito governamental. Agora, com a situação económica rastejante (por motivos bem óbvios, a que a contextura externa e três campanhas eleitorais... não são factor causal despiciendo) era justo cobrar-lhe a ineficácia dos seus alegados predicados no reino da economia.
Mas não sejamos muito exigentes . Ser economista não é suficiente para ser um bom presidente da República. É preciso ter carácter, ter coragem, enfrentar os ataques com a dignidade expectável a quem lidera um país com séculos de História, que nunca se deixou amordaçar por ultimatos de qualquer ordem!
Meu caro Óscar, mereces um «Óscar», pela clarividência, pela coragem, pelo desassombro, pela não acomodação à mediocridade reinante.

6 comentários:

Rei da Lã disse...

Do JN apenas respeito o Manuel António Pina.
Mas isto é a minha opinião, uma espécie de salsa no Mar Morto...

vieira calado disse...

Creio que o meu amigo, às tantas,

se refere

ao guarda-livros de Boliqueime.

Estarei enganado?

Um abraço.

José Leite disse...

Rei da lã,

Também o aprecio, mas não sejamos tão redutores... há gente com classe em todo o lado, muito embora alguns deixem algo a desejar, de facto...

José Leite disse...

vieira Calado,

Fernando Pessoa era guarda-livros e isso não o impediu de ter uma visão lúcido e corajosa da realidade.

Não estigmatizemos uma classe. Boliqueime também não merece um anátema, tal qual Santa Comba Dão...

Manuel CD Figueiredo disse...

Uma análise frontal e acertada, sobre todos os aspectos focados.
O meu aplauso.

(temos que promover a plantação de tomatais por todo o país...).
Cumprimentos.

José Leite disse...

Manuel CD Figueiredo:

Hoje em dia quem os tem guarda-os.
Plantá-los nem sempre resulta... Há moléstias com fartura a fazê-los definhar...