quinta-feira, julho 31, 2008

Um discurso diferente...

Portuguesas e portugueses:

Hoje em dia o pessimismo atinge índices preocupantes na sociedade portuguesa. Será legítimo ou injustificado? Será fruto de circunstancialismos incontroláveis, ou terá motivações psíquicas ? Será consequência de erros nossos ou de má fortuna?

Devemos perguntar a nós próprios o que podemos fazer pelo país, em vez de perguntar ao país o que pode fazer por nós!

Eu próprio, pergunto se não terei a minha quota-parte nesse pessimismo. Os jovens estão tão divorciados da política, porquê?

Amiudadas vezes tenho falado nessa erva daninha que se instalou na seara democrática e que gera tantos prejuízos e injustiças sociais: a corrupção.

O que tem sido feito para a combater com eficácia? Praticamente nada. Continua «tudo como dantes quartel general em Abrantes». Algumas vozes queixam-se desse laxismo no combate à corrupção. Os destinatários alegam que não recebem lições de cidadania de ninguém.

Será autismo? Será arrogância? Será a convicção de que o PR abençoará ad aeternum a sua conduta?

O país precisa de respostas. Com urgência.

Deve haver respeito inter-poderes, mas também uma interacção permanente entre eles. Ninguém se deve queixar por receber sugestões ou alvitres sobre actuações para resolução de impasses.

O senhor PGR alertou (e muito bem) para graves implicações (com hipotéticas prescrições de crimes graves) na esfera criminal pelo facto de certos prazos de investigação continuarem reduzidos. É sabido que o garantismo (em termos de direitos e liberdades) não deve ser tão forte que degenere em capitulacionismo no combate às fraudes e ilegalidades graves. Deve haver uma concatenação perfeita entre os poderes (legislativo, executivo e judicial) por forma a que o regular funcionamento das instituições democráticas seja efectivo.

É preciso que as leis sejam coercitivas e não mero objecto decorativo ou estendal de piedosas intenções. Delas, diz o povo com a sua ancestral sabedoria, está o inferno cheio...

Portuguesas e portugueses:

Estamos já há demasiado tempo à espera. Quem espera, diz também a sabedoria popular, desespera...

Ora, ao contemplarmos a cada vez mais gritante desigualdade na distribuição de rendimentos, ao vermos sinais exteriores de riqueza em certos segmentos da população e evidentes sinais de pobreza na grande maioria, é urgente perguntar: até quando isto irá acontecer? Até quando o plano inclinado se irá manter? Quando começam a surgir no horizonte medidas concretas visando o estancar desta corrupção galopante que a todos prejudica (exceptuando a minoria de privilegiados que dela extraem todas as mordomias) e vai colocando Portugal na cauda do pelotão europeu?

Não posso fazer como Pilatos nem continuar a assistir impávido e sereno a este laxismo (cúmplice?) da parte de quem conduz os destinos governamentais. Daí que este meu discurso já não seja uma «lição», nem uma «sugestão» (visto o destinatário não aceitar essas bizantinices...), é, isso sim, um ultimato!

E faço-o em nome daquela maioria de cidadãos que vivem em dificuldades, que pagam impostos para alimentar megalomanias e obras faraónicas cuja premência é duvidosa, faço-o em nome de todas as portuguesas e de todos os portugueses que se encontram abaixo do limiar de pobreza e sem que se possa vislumbrar uma melhoria a curto prazo, dadas as circunstâncias actuais.

Assim, declaro-o solenemente, ou este governo dá provas de boa fé e de seriedade política, dando andamento a projectos de credibilização e de moralização da vida pública, ou então terei que ponderar outros cenários!


NOTA FINAL: Isto é ficção pura e dura!

Antes não fosse!

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