domingo, abril 20, 2008

Usemos a psicanálise...




Devo dizer que não tenho ambições políticas, não quero ser candidato a nada, move-me apenas e tão só o desejo de fazer pedagogia política, de forma séria e isenta. Daí, a minha postura não alinhada com nenhuma corrente ou padrão estereotipado.
Analisando o comportamento de dr Menezes, o que se passa actualmente, não a sua demissão mas a contestação que sofre, era mais do que previsível: ele usou de forma desusada, deselegante mesmo, o direito à indignação com todos os líderes que o precederam...
Tem agora um comportamento similar, da parte dos que o contestam. Recordam-se do «elitistas, sulistas, liberais«? que até deu para choro convulsivo?
Aí está o seu temperamento emotivo-activo-primário a marcar a sua imagem de marca. Recordam-se de ter dito, com ar quase satisfeito, que se o PSD perdesse a câmara de Lisboa, era Marques Mendes o responsável e não o Dr Negrão?
Isto, esta aparente satisfação pela derrota do grupo em que estava inserido (a fazer lembrar as comemorações de Pinto da Costa aquando da derrota com a Grécia, a ser verdade o que dizem por aí), denota um egocentrismo pouco abonatório, uma ânsia de poder a todo o custo.
Depois, analisemos friamente aquele comportamente de exibicionismo de uma ostentação de mulheres com sorrisos dentífricos, como que a mostrar:«vede como eu sou amado por elas!», como que a fazer uma compensação para o facto de estar com o divórcio iminente. Mecanismo psíquico compensatório. Bem ao estilo de Santana Lopes, uma espécie de «clone» neste particular. Há quem diga que este é um «emplastro» daquele...
Já analisaram bem as figuras patéticas que faz um apresentador de televisão nas revistas cor-de-rosa sempre rodeado de mulheres, sorrindo artifical e desalmadamente, como que a provar:«sou tão feliz entre elas»! é a mesma ostentação pirosa e ridícula de uma machismo forçado, carregado de artificialismo, talvez para compensar alguma frustração sentimental..
As pessoas sisudas têm tendência a forçarem sorrisos para compensarem essa faceta.
Ele surgiu, logo após a vitória («pírrica»?) sobre Marques Mendes, completamente transfigurado. Não, não foi ao Monte Tabor, mas parecia anestesiado, com ar de uma seriedade forçada, lançou às malvas aquele sorriso de orelha a orelha e afivelou a máscara do policamente correcto... Enfim, estratégias, artificialismos, calculismos, faltas de espontaneidade...
Essa artificialidade patenteou-se, de forma exuberante, nas contradições em que era pródigo. Vejamos: disse que desmantelava o Estado em dois meses, para, logo de seguida, afirmar alto e bom som, que se estivesse no governo não fecharia nenhum serviço publico! Ele dizia que iria atacar Sócrates «de manhã, ao meio dia, e à noite», isto na fase populista pré-eleitoral, depois, na fase-prozac, já argumentava na necessidade imperiosa de fazer pactos: educação, justiça, obras públicas, autarquias...
O certo é que rasgou todas as hipóteses de pactos. Ou seja, na próxima campanha eleitoral, o governo, reivindicando êxitos em termos económicos (as reformas, ainda que dolorosoas tiveram sucesso) poderá dizer: « e sem o apoio das oposições, que se limitaram a instrumentalizar arruaceirismos idiotas, de forma destrutiva, irresponsável e anti-patríótica!»
Será isto que Menezes vai levar pela frente: falta de sentido de Estado, incentivo ao arruaceirismo e falta de responsabilidade política.
Os seus críticos, fazendo uso do «direito à indignação» (e não «terrorismo robespierreano» como catalogou de forma infeliz o seu lugar-tenente...) não lhe perdoam o ter sido um camartelo persistente, no derrube, ou tentativa de derrube, dos que o precederam na liderança do PSD...
Agora, surge no horizonte a Dra Manuela Ferreira Leite. Não, não é uma mulher bonita, não tem sex-appeal, não vai fazer jantares com homens para mostrar que tem muita atracção no sexo oposto! Ela tem a noção de quão pirosa é esta postura, ela sabe ser natural e responsável. Ela possui uma aura pedagógica, tem um carisma alicerçado na seriedade, no bom senso, na lisura de processos. Mas, isso será suficiente?
É difícil responder a esta pergunta. Sócrates, apesar dos «casos» da licenciatura, das obras da Covilhã, tem, quer se queira quer não, uma imagem de combatividade, uma capacidade concretizadora acentuada, tem o tratado de Lisboa como um vector assinalável pesando a seu favor, tem, nas reformas, um trunfo de ordem económica (combate ao défice teve o êxito esperado) inquestionável. Enfim, é um «animal político» fogoso, é um combatente da palavra eficaz, clarividente, confiante.Diria mais: um «tigre», não só de papel, mas na selva da política...
Será Manuela Ferreira Leite capaz de o destronar?
Quem praticou judo, como eu, sabe que o ímpeto do adversário é a melhor coisa para o lançar ao tapete. A agressividade excessiva de Sócrates, poderá ser aproveitada por ela, com sobriedade, com muita paciência e certa capacidade vitimizadora (a senhora idosa, educada, não agressiva) poderá colher dividendos.
Só espero que ela não receba o «beijo de Judas» para a condenar à cruz! todos os que o receberam (Mendes e agora Menezes...) foram logo lançados às trevas onde há choro e ranger de dentes...
Esse «beijo» recebeu-o Cadilhe, mas, inteligentemente recusou-o!
Oxalá outros saibam fazer o mesmo, para bem da democracia, para o sucesso de um projecto que não quer ter similitudes com aquela «cloaca imunda»...

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