terça-feira, março 04, 2008

Sentido de Estado: o dilema de Menezes!


O presidente da República, como bom economista que é, sabe que não são greves ou manifs que vão resolver a reforma do Estado. É antes o compromisso, o empenho e a assumpção de elevado sentido de Estado pelos principais líderes partidários que hão-le levar o barco a bom porto.
O PR prometeu ordem e progresso, prometeu ser factor de coesão, ser uma fonte de progresso e não foco de contestação. Disse que eram precisas reformas para acabar com o défice patológico, era preciso «emagrecer» o Estado. Era preciso torná-lo mais eficaz, mais operativo, mais leve e menos despesista, menos burocrático, menos sorvedouro de dinheiros públicos.
Para atingir esse desiderato eram precisos compromissos tendentes a uma reforma estrutural e não apenas conjuntural, não paliativos toscos, não mezinhas caseiras, mas sim um tratamento de choque, uma terapia que fosse ao cerne do problema.
Isso, iria trazer algum desconforto, alguma contestação, alguma resistência à mudança. As causas do despesismo são «populistas», são muitas vezes focos de clientelismos e de mordomias.
Agora vemos o governo a tentar implementar essas mudanças que se impõem. Ouvimos Menezes a clamar por reformas a dizer que estaria disponível para «pactos». Contudo, ele também disse que iria estar contra o governo «de manhã», ao «meio-dia» e «à noite» (sic).
Qual se imporá agora: a vertente estadista ou a populista?
Será que lhe importa o reformismo do Estado em ordem a criar uma sociedade mais modernizada e com graus de prosperidade ao nível do norte da Europa ou, pelo contrário, lhe interessa o tremendismo, o populismo, o chantagismo de rua, que poderá trazer votos capitalizando o natural descontentamento que as reformas necessariamente acarretam?
Ter ou não duas duas sensibilidades, duas caras, eis a questão!
Ou vai em frente com o espírito reformista e poderá reivindicar os êxitos económicos em paralelo com o governo, na próxima campanha, ou então aliar-se-á ao coro da oposição, mandando as reformas para as calendas e capitalizando os naturais desconfortos que um reforma autêntica sempre gera?
O PSD não pode ser como o tolo no meio da ponte. Ou, assumindo compromissos os leva até ao fim, ou então cai no desprestígio do lamaçal populista.
A reforma dos tribunais, com os custos («deslocalizações») inerentes, a reforma do ensino, com avaliações imprescindíveis, com ocupação lúdica e saudável dos tempos mortos com aulas de substituição, a reforma da saúde com custos e desconfortos para certos segmentos das populações, são matérias delicadas que exigem muita ponderação e entreajuda. O governo se quer apoio deverá dialogar em pé de igualdade e não «ex cathedra»...
Surge agora uma excelente oportunidade para o PR mostrar quão útil poderá ser neste cenário, nesta encruzilhada de interesses: chamar a si o papel de mediador, de charneira lúcida e clarividente chamando à respondsabilidade os dois prinicipais protagonistas, em ordem a se obter uma reforma digna, justa, minimizando os efeitos negativos e optimizando os positivos.
Não é fácil, mas é urgente pensar nisso. A bem do interesse nacional, do regular funcionamento das instituições, a bem da agilização económica. Não é com «manifs» por mais gigantescas que sejam que se vai melhorar o país. Não é com grevites agudas que se vai a lado algum.
O populismo poderá também ser castigado no julgamento eleitoral, se houver uma pedagogia e uma intervenção lúcida e clarividente do próprio PR neste domínio. Ele, como árbitro, poderá penalizar os infractores. Saber quem são, não parece difícil.
Isto de rasgar pactos com a mesma facilidade com que se muda de camisa já foi chão que deu uvas! o povo amadureceu e está atento. Os populistas de pacotilha não poderão eternamente manipular a opinião pública. Tudo tem limites.

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