quarta-feira, julho 18, 2007

Democracia doente: diagnóstico e terapia.


Marques Mendes e Portas em queda livre...
Menezes, sorrindo e espreitando a oportunidade caída do céu...

DIAGNÓSTICO:
Após os resultados obtidos pela ABSTENÇÃO (+/- 62%) nas autárquicas de domingo no que concerne à câmara de Lisboa constata-se um divórcio entre o eleitorado e o poder político, entre o povo e o regime actualmente vigente.
As pessoas recusaram concorrer ao jogo eleitoral. Deram um cartão (amarelo/vermelho?) ao sistema. Disseram que a continuar assim vai estiolando a chama da democracia, vai-se afundando na areia movediça da indifernça, no pântano do descrédito, o actual regime. Democracia isto?
O que se viu na campanha?
Pura demagogia. Temas como a licenciatura do primeiro-ministro e o novo aeroporto a serem usados como arma de arremesso, como último recurso de quem não tem argumentos credíveis.
Como pano de fundo, indiciando um estertor de agonia, a corruptite aguda que grassa a vários níveis. O poder está enfraquecido, a confiança dos cidadãos está a níveis baixíssimos, existe a noção de que a solução não passa por este litúrgico e "sacramental" acto eleitoral.
Os candidatos mostraram pouca apetência pelos temas mais importantes e centraram a sua actuação na brejeirice, no ataque pessoal, na frase bombástica.
Partidos minados por "dentro" (caso do PSD , com LFM, o autarca de Gaia mais parecendo um conhecido dirigente desportivo que vibrou com a derrota da selecção nacional contra a Grécia... desejoso de factos que legitimem a sua entrada no pódio partidário), outro completamente fragmentado depois de uma vitória "pírrica" em eleições que mais pareceram um acto de "rapina", deram uma imagem de fragilidade (patologia?) indisfarçável.
Máquinas partidárias sólidas a serem esmagadas por dois candidatos independentes; um mais credível, outro mais populista, mas ambos a ganharem com o progressivo ódio popular às tricas partidárias.
Como cenário de fundo, um clima de suspeição generalizada sobre o regular funcionamento das instituições. A saúde, a justiça, enfim uma notória falta de "qualidade democrática".
A democracia sofrendo de patologias diversas. O regime em estado de "desgraça". O povo a afastar-se cada vez mais da participação cívica.
TERAPIA:
Há que dar uma imagem mais saudável e mais credível das instituições. Há que erradicar definitivamente os focos de corrupção que se vislumbram no quotidiano. Há que corrigir as injustiças sectoriais para que haja uma maior equidade na repartição dos sacrifícios. Há que criar mecanismos de correcção das assimetrias actualmente vigentes.
Vigilância e fiscalização efectivas. Não justicialismo doentio (outra aberração) mas sim actuação sadia e sensata sobre prevaricações que estão na génese de muitos fenómenos de injustiça social.
Austeridade para todos e não para o trabalhador, o pequeno e médio empresário, o funcionário.
Corrigir os excessos nos gastos supérfluos e sumptuários do Estado. Que o exemplo venha de cima. E que venha tão depressa quanto possível.

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